Eis-me afinal de novo entre os meus bons convivas, Só com meus sonhos,só,com a minha saudade, E as mortas ilusões e ilusões redivivas De que o morto passado a alma toda me invade. Porque se me hão de impor,fortes e decisivas, As descrenças dos que,sem fé,sem caridade, Sem esperança,vêm dessas alternativas De mal fingido amor e fingida piedade? Sinto-me preso aqui.Entre angústias me envolvo, -Esfinge que se envolve entre os arcais da Líbia - Mas o fatal problema entre audácias resolvo Alma!que importa a dor que te devora?Exibe-a Ante a morte que em seus tentáculos de polvo Mói crânio contra crânio e tíbia contra tíbia! Emilio de Meneses
Olhas o céu e o céu, todo em atra gangrena, Se te mostra corroendo as rútilas esferas. Baixas à terra o olhar e a terra, em outras eras, Plena de gozo e amor, ora é de horrores plena. Sangra a etérea região, sangra a região terrena E o horizonte, que as une, inda mais dilacera-as. E as próprias linhas — louco! em que a sânie verberas, Podres vêm ao papel, podres brotam-te à pena. Mas, se ao céu e se à terra, e se ao horizonte e ao verso, Asco e náusea tressuando, a podridão atrelas E nela vês tombar e fundir-se o universo, Sobe do chão o olhar, baixa-o das nuvens belas E volve-o dentro em ti, pois fora o tens imerso Na própria irradiação das tuas próprias mazelas [Emílio de Meneses]
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